Blog criado pela acadêmica Elzamir Ferreira - Curso de História da PUC-RS.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
A União Européia no debate sobre a criação de um novo fundo no resgate de sua economia financeira...
Líderes da UE tentam conciliar austeridade e crescimento
Por Jan Strupczewski e Luke Baker
BRUXELAS, 30 Jan (Reuters) - Líderes europeus concordaram nesta segunda-feira com a criação de um fundo permanente de resgate financeiro para a zona do euro, e 25 dos 27 países da União Europeia deram aval a um pacto de maior disciplina fiscal proposto pela Alemanha, apesar das dificuldades para conciliar a austeridade das contas públicas com o crescimento econômico.
Oficialmente, o foco da cúpula da UE, com duração de meio dia, foi a busca por uma estratégia que permitisse a retomada do crescimento e a geração de empregos em um momento no qual governos de toda a Europa precisam cortar gastos e elevar impostos para enfrentar seu endividamento.
Mas divergências sobre o limite dessa austeridade, junto à ainda inconclusa negociação de reestruturação da dívida grega junto aos credores privados, atrapalham os esforços da UE para passar a ideia otimista de que o bloco está superando a crise.
O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou em entrevista coletiva que esperava um acordo final sobre a redução da dívida da Grécia "nos próximos dias" e que acreditava que as instituições europeias -uma clara referência ao Banco Central Europeu- decidirão de forma independente ajudar a resolver a lacuna de financiamento.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que um acordo era necessário nesta semana para que seja finalizado a tempo de evitar um calote por parte da Grécia em meados de março, quando o país tem de fazer um enorme reembolso de títulos.
Os chefes de governo concordaram que o Mecanismo Europeu de Estabilidade, com um fundo de 500 bilhões de euros, deverá começar a funcionar em julho, um ano antes do previsto, para auxiliar países fortemente endividados.
Mas a Europa já está sob pressão de Estados Unidos, da China, Fundo Monetário Internacional (FMI) e de alguns dos seus próprios países membros para aumentar o tamanho dessa blindagem financeira.
A preocupação com a falta de progressos tangíveis na negociação da dívida grega e as perspectivas econômicas sombrias para o continente como um todo fizeram com que os juros sobre títulos de países do sul da Europa subissem, e que o euro e as bolsas operassem em baixa.
Ressaltando tais temores, a Espanha divulgou que sua economia sofreu uma contração no último trimestre de 2011, a primeira em dois anos, e que uma recessão longa parece iminente.
A França reduziu sua previsão de crescimento em 2012 para apenas 0,5 por cento, num mau prenúncio para a candidatura do presidente Nicolas Sarkozy à reeleição, em maio. O primeiro-ministro François Fillon disse, no entanto, que essa revisão não obrigará o governo a novos cortes orçamentários.
ESPANHA EM APUROS
Participando da sua primeira cúpula europeia, o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, disse que seu país claramente não cumprirá a meta de crescer 2,3 por cento neste ano.
Isso gera fortes dúvidas sobre a capacidade de Madri em cortar seu déficit orçamentário, que foi de 8 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, para 4,4 por cento até o final do ano, conforme prometido anteriormente.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, sugeriu que a UE poderia rever a quase impossível meta de redução do déficit espanhol para 2012, depois de uma revisão das perspectivas de crescimento dos países da UE, prevista para 23 de fevereiro.
Já a Itália, que se apressa em realizar reformas econômicas sob o comando do premiê tecnocrata Mario Monti, foi recompensada com uma redução significativa no custo da sua dívida, num leilão de títulos com vencimento em dez e cinco anos, apesar do rebaixamento de dois graus na nota de crédito do país decidido neste mês pelas agências Standard & Poor's e Fitch.
Por outro lado, a marcha de Portugal para se tornar a próxima Grécia -precisando de um segundo resgate para evitar uma caótica quebra nacional- se acelerou, já que os bancos elevaram o valor cobrado para garantir títulos do governo, e insistiram que a quantia seja paga adiantada, em vez de ser parcelada ao longo de vários anos.
Os juros pagos nos títulos portugueses com vencimento em dez anos chegaram pela primeira vez na era do euro a 15 pontos percentuais acima do valor dos títulos alemães, que balizam o mercado.
KEYNES "ILEGAL"
Sem o aval da Grã-Bretanha e da República Tcheca, os líderes dos 25 países restantes aprovaram um pacto que resultará em leis nacionais de responsabilidade fiscal, segundo diplomatas. A decisão foi tomada apesar dos alertas de economistas que acham perigoso restringir tão fortemente os gastos públicos num momento de crise.
"Inscrever na lei uma visão germânica sobre como se deve administrar uma economia e que essencialmente torna o keynesianismo ilegal não é algo que faríamos", disse uma autoridade britânica, referindo-se às ideias do economista John Maynard Keynes (1883-1946), que defendia a ação do Estado como motor do crescimento econômico.
Mas diplomatas disseram que desta vez não se repetiu o confronto do mês passado entre o primeiro-ministro David Cameron e Sarkozy, quando o premiê britânico vetou uma tentativa de emendar o tratado da UE a fim de fortalecer a disciplina fiscal na zona do euro.
Na cúpula de Bruxelas, o presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz, disse aos líderes que o novo tratado fiscal seria desnecessário e desequilibrado, pois não conseguiria combinar o rigor orçamentário com investimentos em obras públicas para gerar empregos.
Essa cúpula da UE, a 17a em dois anos, foi convocada num esforço do bloco para dar mais ênfase ao crescimento do que às impopulares medidas de austeridade nos países endividados.
As negociações entre a Grécia e os credores privados a respeito da reestruturação de uma dívida de 200 bilhões de euros tiveram progressos no fim de semana, mas não foram concluídas antes da cúpula.
Um funcionário grego disse que o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e seu ministro das Finanças, Evangelos Venizelos, se reuniram com os diretores de instituições da UE após a cúpula para discutir o pacote de resgate.
Até que haja acordo com os credores, a UE não pode implementar um segundo pacote de resgate para Atenas, no valor de 130 bilhões de dólares, que foi originalmente prometido em uma cúpula de outubro.
A Alemanha provocou indignação na Grécia ao propor que um comissário (ministro) europeu assumisse o controle das finanças públicas gregas até que o país alcançasse suas metas fiscais.
Venizelos disse que obrigar o país a optar entre a dignidade nacional e a assistência financeira seria ignorar as lições da história.
A proposta alemã obteve um cauteloso apoio dos premiês da Holanda e da Suécia. Mas Merkel minimizou a ideia de colocar a Grécia sob intervenção, dizendo: "Estamos tendo um debate que não deveríamos ter. Trata-se de como a Europa pode prestar apoio para que a Grécia possa cumprir, por isso há metas".
(Reportagem adicional de Julien Toyer, Harry Papachristou e Robin Emmott, em Bruxelas; de Marius Zaharia, William James, Chris Wickham e Jeremy Gaunt, em Londres; e de Roberta Cowan, em Amsterdã)
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Entrevista do Governador,Tarso Genro, a Carta Maior , falando sobre sua visita a Cuba e suas demais análise sobre as mudanças políticas neste pais...
"Prisão de cinco cubanos nos EUA é uma farsa judicial"
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias. Mas a viagem foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Em entrevista à Carta Maior, Tarso Genro fala sobre essas conversas, analisa as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos, onde investigavam a articulação de atentados terroristas contra seu país.
Marco Aurélio Weissheimer
Porto Alegre - O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), acaba de retornar de Cuba, país que escolheu para uma viagem de férias de dez dias - de 2 a 12 de janeiro. Mas a viagem de férias foi marcada também por uma série de contatos com dirigentes políticos cubanos. Tarso Genro pretende estreitar o relacionamento do Estado do Rio Grande do Sul com Cuba em áreas como produção de fármacos, engenharia institucional para resistência a catástrofes, produção de máquinas agrícolas e agricultura familiar.
Em entrevista à Carta Maior, o governador gaúcho fala sobre os contatos que manteve em Cuba e sobre as mudanças políticas e econômicas em curso na ilha. Tarso Genro acredita que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Ele aponta o bloqueio promovido pelos Estados Unidos como um dos principais fatores responsáveis por essa estagnação e manifesta solidariedade aos cinco cubanos presos em território norteamericano, quando investigavam atividades terroristas contra o país. As prisões, para o governador gaúcho e ex-ministro da Educação e da Justiça no governo Lula, são uma "farsa judicial."
Carta Maior: Quais foram os objetivos dessa viagem e os contatos mantidos na ilha. O governo do Rio Grande do Sul pretende estabelecer algum tipo de parceria com Cuba?
Tarso Genro: Estive em Cuba, na verdade, em férias, mas aproveitei para fazer contatos com o governo cubano e dirigentes políticos do país para informar-me sobre o estreitamento da colaboração do nosso governo estadual com Cuba , no terreno econômico, já que Cuba tem experiências que podem nos ajudar - por exemplo na produção fármacos e na engenharia institucional para resistência a catástrofes - e nós temos uma rica experiência, também como exemplo, na produção de máquinas agrícolas e na valorização da agricultura familiar.
O governo cubano, com as reformas que estão em curso, distribuiu 130 mil lotes de terra para agricultores, em usufruto, para que eles produzam alimentos e os levem ao mercado. A importação de alimentos por Cuba é um dos principais problemas para o desenvolvimento econômico da Ilha, que tem poucos recursos para investimentos em infraestrutura e logística, depois da queda da União Soviética que como se sabe proporcionava vultuosas ajudas ao povo cubano.
Carta Maior: Na sua opinião, quais são os obstáculos que ainda precisam ser superados para incrementar as relações comerciais com Cuba? O bloqueio promovido pelos EUA permanece sendo um entrave, mesmo para o Brasil?
Tarso Genro: Os governos americanos são contra qualquer ajuda e qualquer comércio com Cuba, porque ali, segundo alegam, não tem democracia. Enquanto isso negociam, o que aliás fazem muito bem, com a China e com qualquer país ditatorial da Ásia ou da África, desde que isso facilite os seus interesses comerciais e políticos, sobretudos petrolíferos. Ocupam países, inclusive, em nome destes interesses.
As ações terroristas desencadeadas contra Cuba, oriundas do território americano - feitas por exilados cubanos e cubano-americanos ligados às máfias de Miami, nas barbas das agências americanas ou até com a sua cumplicidade - constituíram um barbarismo atroz. E isso ocorreu depois do fim da “guerra fria” e depois que Cuba deixou de interferir apoiando ou estimulando ações revolucionárias na América Latina. Estabelecer relações de solidariedade com Cuba é, portanto, estimular o governo dos EUA a normalizar, também, as suas relações com aquela nação. O governo do Presidente Obama, na verdade, flexibilizou um pouco estas relações, que no governo Busch eram permanentemente agressivas e provocativas, mas ainda está longe de normalizá-las, como deveria ocorrer dentro dos mais elementares princípios do direito internacional.
Carta Maior: Para onde sinalizam, na sua opinião, as recentes mudanças anunciadas pelo governo cubano para dar um novo impulso à economia do país?
Tarso Genro: Cuba está iniciando uma transição, mas não tenho claro qual a sua profundidade e mesmo em direção a “quê”. Embora tenha tido muitos contatos institucionais com Cuba ao longo de sucessivos governos de que participei ou dirigi, seria muita arrogância da minha parte, e até uma infantilidade, fazer um “julgamento” daquele processo revolucionário, que é extremamente complexo, atípico e também “cercado” pelo bloqueio americano. Um processo que esteve permeado de erros acertos, mas que acabou devolvendo dignidade ao povo cubano e soberania política ao país. Julgá-lo negativamente seria como julgar negativamente a vitória do Norte, na Guerra da Secessão americana, por que o racismo continuou imperando no sul dos EUA até depois da metade do Século XX.
Tenho claro, porém, que Cuba está saindo da imobilidade que bloqueou, por largo tempo, seu sistema político e estagnou o desenvolvimento das suas forças produtivas. Tenho claro, também, que os democratas progressistas e a esquerda em geral devem ser solidários ao governo e ao povo cubano, nesta movimentação que estão iniciando, até porque muitas conquistas duramente obtidas neste período devem ser preservadas, como nas áreas da educação e da saúde pública,
Carta Maior: Essas mudanças podem ter algum impacto também na área dos direitos humanos, tema sensível e objeto de muitas críticas contra o governo cubano?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba não pode ser avaliada com os mesmos parâmetros que servem para o Brasil, para a Argentina e para o Uruguai, por exemplo. A questão dos “direitos humanos”, sim, porque estes são uma conquista supraterritorial e suprapolítca universal. Neste terreno Cuba começa a responder de uma maneira inclusive superior aos EUA, que mantém campos de tortura oficializados e não se abala com seus soldados, nas ocupações militares que faz, urinando sobre os inimigos mortos.
Cuba está libertando, seguidamente, prisioneiros políticos condenados dentro do seu regime jurídico, em nome da reinserção econômica e política plena do país, na comunidade internacional. Entendo que todos devemos apoiar estas decisões do governo cubano. A solidariedade com Cuba não exime ninguém de defender que se apliquem em todos os países - e obviamente também em Cuba - os princípios protetivos dos indivíduos e grupos sociais, atinentes aos direitos humanos. Mas isso também deve ser válido em relação aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos mantém - depois de uma farsa judicial - cinco cubanos presos que ali estavam colhendo informações para abortar atentados terroristas contra o seu país e que causaram, em Cuba, inúmeras mortes, inclusive de turistas, como se lê no livro de Fernando Moraes ("Os últimos soldados da Guerra Fria", Companhia das Letras), recentemente publicado. Os Estados Unidos mantém, em seu território, livre, um terrrorista como Posada Carriles, cuja extradição está sendo pedida - não por ele ter participado uma luta armada contra Cuba como outros vários cubanos que estão lá “exilados” no território americano- mas por ter participado da preparação de um atentado terrorista com bombas, o que é muito diferente de ação armada direta para desestabilizar um regime. Foi um atentando com bombas contra um avião de passageiros, cubano, que vitimou 70 pessoas.
Carta Maior: Na sua opinião, como poderia ser definido hoje o regime político cubano e quais as perspectivas de mudança no curto prazo?
Tarso Genro: A questão democrática em Cuba é, efetivamente, uma questão pendente, mas deve ser lembrado que as transições democráticas que ocorreram aqui na América Latina só ocorreram promovendo um Estado de direito precário, depois um pouco mais aperfeiçoado, porque as lutas armadas contra as ditaduras, aqui, foram derrotadas. Lá a luta armada contra a ditadura de Batista foi vitoriosa. Aqui, as transições se deram com o apoio, principalmente nos seus aspectos mais precários, dos Estados Unidos que, naquela época tratava a América Latina como seu quintal político, apoiando na região todas as ditaduras mais sanguinárias e depois apoiando as transições “sob controle”. O regime cubano, portanto, formou-se no âmbito da “guerra fria”, com apoio soviético contra os Estados Unidos, que protegiam todos os regimes sanguinários da América Latina, escudados na luta contra o “comunismo”.
O “regime fechado” cubano é conseqüência, portanto, desta complexidade: um país antimperialista, que pretende promover um regime socialista, isolado inclusive dos seus antigos pilares econômicos, como era o regime soviético e assediado - mesmo depois de ter deixado de promover e apoiar ações revolucionárias na América Latina - por ações violentas e boicotes econômicos do país mais poderoso do mundo, em termos econômicos e militares.
É entendimento pessoal meu, ainda que precário, que se o Presidente Obama otimizar a “flexibilização” do boicote e permitir que haja um fluxo normal de pessoas e mercadorias para Cuba isso oxigenará a economia e a política do país. Estimulará um processo de acumulação interno, em Cuba, público e privado, que ajudará os cubanos a encontrarem o seu caminho democrático específico e também os caminhos do desenvolvimento econômico e social que, na “era soviética”, eram extremamente significativos, comparativamente aos demais países latino-americanos.
Carta Maior: Nesta sua estada em Cuba, qual foi a impressão que ficou do cotidiano do povo cubano, do ambiente social na ilha?
Tarso Genro: O que a gente percebe, ainda que de forma empírica, é que o povo cubano é um povo musical e alegre, gosta dos brasileiros em especial e dos turistas, em geral, que trazem recursos e movimentação econômica para a Ilha. Enfrenta os problemas de sobrevivência de forma digna. É um povo irônico e afetivo, inclusive em relação aos seus dirigentes. Querem, agora, mais do que uma educação de qualidade e um bom regime de saúde pública. Querem mais: melhor alimentação e mais farta; melhor transporte; também comprar o seu “carrinho”, se possível.
Querem ainda a possibilidade de melhorar a sua habitação, viajar para fora do país e compartilhar com a América Latina. A continuidade, na minha opinião, da legitimidade popular da revolução depende disso, já que outras conquistas, como não ter, na Ilha, nenhuma criança abandonada dormindo na ruas ou sem alimentação - o que é uma grande conquista humanitária- já foi absorvida como “normal” no cotidiano dos cubanos.
Por Itamar Guilherme,
Elzamir Ferreira
Elzamir Ferreira
A presença da Presidenta Dilma no FST em Poa ....
Dilma Rousseff, durante o Fórum Social Mundial – Diálogos entre Sociedade
Civil e Governo
26/01/2012 às 21h55
Porto Alegre-RS, 26 de janeiro de 2012
Quero saudar muito especialmente todos os participantes do Fórum Social Mundial
e deste fórum temático...
Saudar o governador Tarso Genro,
O prefeito Fortunati,
Os ministros, aqui,que me acompanham...
As lideranças políticas...
Os representantes dos movimentos sociais que hoje se reúnem neste Fórum...
Companheiras e companheiros:
É uma grande alegria poder voltar a Porto Alegre para participar de mais uma
reunião do Fórum Social Mundial. Aqui estive em 2001. Participei, naquela
ocasião, do primeiro encontro do Fórum, quando eu ainda era secretária de
Energia do governador Olívio Dutra, a quem saúdo agora, meu companheiro e meu
amigo.
Desde então, esta cidade transformou-se em referência para todos aqueles que
buscavam criar uma alternativa ao desequilíbrio da situação econômica e
política global. Aqui, se afirmou a ideia de que um outro mundo é possível.
Aqui, estavam, como hoje aqui estão, os que não sucumbiram ao pensamento único,
nem acreditaram no fim da história.
Mas muita coisa ocorreu nesses últimos 11 anos. A crise, que vinha latente da
economia internacional transformou-se em crise real a partir de 2008 e, desde
então, não parou de agravar-se. Nesses últimos 11 anos surgiram também coisas
muito positivas. Na América Latina, foram sendo construídas respostas
progressistas e democráticas aos desequilíbrios internacionais. Na maioria dos
países da região, dentre eles o meu país – o Brasil –, estão em curso
importantes transformações econômicas, sociais e políticas.
Nossos países crescem, enquanto outras partes do mundo vivem a estagnação, a
recessão e, muitas vezes, um grande desemprego. Nossos países reduzem a pobreza
e a desigualdade social, e, como eu disse, em outras regiões, aumenta a
desigualdade, aumenta a exclusão e direitos são perdidos.
Nossos países, hoje, não sacrificam sua soberania frente às pressões de
potências, grupos financeiros ou agências de classificação de risco, mas,
sobretudo, nossos países avançam fortalecendo a democracia. Na América do Sul,
como diz aquela canção da Revolução dos Cravos, da Revolução Portuguesa: “O
povo é quem mais ordena”.
Companheiras e companheiros,
É muito importante que este encontro do Fórum Social Mundial ocorra poucos
meses antes da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
– a Rio+20. A crise financeira e as incertezas que pairam sobre o futuro da
economia mundial dão uma significação especial à Rio+20.
Em grande parte do mundo desenvolvido, busca-se enfrentar a crise com medidas
fiscais regressivas, que têm consequências sociais e ambientais nefastas e
trazem consigo perigosas ameaças, como eu disse: o desemprego, a xenofobia, o
autoritarismo, a paralisia no enfrentamento do aquecimento global, além de
ameaças à paz mundial.
Há poucos meses, estive em Cannes, na reunião do G-20, que nos propunham novo
mundo, novas ideias. A despeito dos avanços que eventualmente logramos naquele
encontro, confesso que não fiquei satisfeita com os resultados. Não é fácil
produzir novas ideias e alternativas quando estamos dominados por preconceitos
políticos e ideológicos. Conhecemos bem essa história.
Nos anos 80 e 90, confrontados com profundos desequilíbrios macroeconômicos,
foram preconceitos políticos, foram preconceitos ideológicos que impingiram aos
países da América Latina o modelo conservador que levou nosso país à
estagnação, à perda de espaço democrático e soberano, aprofundando a pobreza, o
desemprego e a exclusão social. Hoje, essas receitas fracassadas estão sendo
propostas novamente na Europa.
A Rio+20, que terá a participação de chefes de Estado e de Governo, mas também
de expressivos setores da sociedade civil, deve ser um momento importante de um
processo de renovação de ideias, diferentemente das Conferências das Partes, as
chamadas COP. Centrado na importante questão ambiental e nos problemas da
mudança do clima, o encontro do Rio vai enfrentar uma questão mais ampla e mais
decisiva: estará no centro dos debates um novo modelo de desenvolvimento,
contemplando três dimensões – a econômica, a social e a ambiental.
Queremos que a palavra “desenvolvimento” apareça, de agora em diante, sempre
associada à expressão “sustentável”. Ao lado dos objetivos de desenvolvimento
do milênio, é necessário estabelecer também os objetivos do desenvolvimento
sustentável. Esses objetivos, que abrangem compromissos e metas para todos os
países do mundo, têm, no seu centro, o combate à pobreza e à desigualdade e a
sustentabilidade ambiental.
Assumimos aqui, como sempre assumimos, ao longo do governo Lula e do meu
governo, que é possível crescer e incluir, proteger e conservar. O que estará
em debate na Rio+20 é um modelo de desenvolvimento capaz de articular o
crescimento e a geração de emprego; a erradicação da pobreza e a redução das
desigualdades; a participação social e ampliação de direitos, a educação e a
inovação tecnológica; o uso sustentável e a preservação dos recursos ambientais.
Em Copenhague, há quase três anos, nosso governo assumiu novas
responsabilidades nas questões relacionadas à mudança do clima. Apresentamos
lá, em Copenhague, para o mundo, e aqui, no Brasil, como compromisso voluntário
do nosso governo, a significativa redução de emissões de gás de efeito estufa.
Lamentavelmente, alguns outros países relutaram – e até hoje relutam – em
anunciar seus esforços para a redução das emissões. Somos o país que, de acordo
com as Nações Unidas, mais tem feito pela redução das emissões de gás de efeito
estufa em todo o planeta. Esses compromissos são parte integrante da grande
transformação que está em curso em nosso país nos últimos nove anos.
No meu governo, quando falamos de desenvolvimento sustentável, eu quero dizer
aqui, de forma clara, no que estamos falando: para nós, desenvolvimento
sustentável significa crescimento acelerado de nossa economia para poder
distribuir riqueza; significa criação de empregos formais e expansão da renda
dos trabalhadores; significa distribuição de renda para pôr fim à miséria e
reduzir a pobreza, com políticas públicas que provoquem melhoria da educação,
da saúde, da segurança pública e de todos os serviços públicos fornecidos pelo
Estado brasileiro; crescimento regional equilibrado da renda, que corrija os
desequilíbrios entre as regiões do país, que corrija a condenação de uma parte
deste país ao baixo desenvolvimento, como foi o caso do Norte e do Nordeste;
criação de um amplo mercado de bens de consumo de massas, que passe a dar
sustentação interna ao nosso desenvolvimento; significa também que o Brasil
está se transformando, e nós o faremos se transformar, cada dia mais, do ponto
de vista socioeconômico, em um país de classes médias; significa
desenvolvimento que tenha na sustentabilidade ambiental uma condição
imprescindível.
Nossas escolhas, em matéria de energia, de segurança alimentar, de
infraestrutura logística, de inovação tecnológica, levam em conta o uso
sustentável de nossos recursos ambientais.
Além disso, o desenvolvimento sustentável significa aprofundamento dos
mecanismos de participação social e o fortalecimento da nossa democracia;
significa incentivo e defesa dos nossos valores, da nossa cultura, da nossa
diversidade cultural; finalmente, significa uma inserção soberana e competitiva
no mundo.
Companheiras e companheiros,
O grande nó que o presidente Lula começou a desatar, a partir de 2003, era o da
exclusão e o da desigualdade social. Estamos ganhando essa batalha, como nos
mostram os 40 milhões de brasileiros e brasileiras que deixaram a miséria e
ascenderam às classes médias. E nossos esforços para erradicar essa chaga
social, nos próximos anos, será a determinação de fazer cumprir o programa
Brasil sem Miséria.
O lugar que o Brasil, hoje, ocupa no mundo não é consequência de nenhum milagre
econômico, como acontecia no passado. É resultado do esforço do povo brasileiro
e de seu governo, que souberam optar por um novo caminho. O Brasil, hoje, é um
outro país. Ninguém, ninguém, nenhum grupo pode nos tirar isso. Nós somos, hoje,
um país mais forte, mais desenvolvido e mais respeitado. Um país que convive
harmonicamente com seus vizinhos da América do Sul e da América Latina e do
Caribe, e que quer construir com eles um polo de desenvolvimento e de
democracia no mundo.
Da mesma forma, abrimos novas relações com os nossos irmãos africanos, com o
Mundo Árabe, dando uma especial atenção à Palestina, que esperamos possa
constituir-se, brevemente, como Estado livre, Estado pacífico e democrático e
com sua soberania garantida.
Nos países chamados Brics, nós lutamos por uma nova ordem econômica e política
mundial multipolar, mais justa, mais democrática. Em todos os fóruns globais,
somos partidários do multilateralismo, do desarmamento e das soluções
negociadas para todas as ameaças à paz mundial.
Companheiras e companheiros,
A tarefa que nos impõe este Fórum, assim como a Rio+20 e outros eventos que
virão, é o de desencadear o movimento de renovação de ideais e de novos
processos, absolutamente necessários para enfrentar os dias difíceis em que
hoje vive ampla parte da humanidade.
Estudos recentes da OCDE, que congrega os países desenvolvidos, revelam um
processo crescente de concentração de renda e aumento da desigualdade nos
países desenvolvidos e mesmo em alguns emergentes. A contrapartida disso tudo
é, e está sendo hoje, a explosão do desemprego e a expansão da pobreza nos
países pelo mundo afora.
Esses dois fenômenos – desemprego e desigualdade social – são particularmente
cruéis quando se trata de nações ricas, que conquistaram direitos e agora os
perdem. E são também cruéis porque atingem, prioritariamente, os jovens, as
mulheres e os imigrantes. A dissonância entre a voz dos mercados e a voz das
ruas parece aumentar, cada vez mais, nos países desenvolvidos, colocando em
risco não apenas conquistas sociais, mas a própria democracia.
O mundo do pós-neoliberalismo não pode ser o mundo de pós-democracia, como bem
apontou, recentemente, um filósofo alemão. A indignação de jovens, de mulheres,
de militantes, que ocupam as ruas de dezenas de cidades do mundo, é um sintoma
importante que não pode ser desconsiderado.
Nesse contexto, as mulheres desse mundo afora têm tido um protagonismo
crescente e determinante para as mudanças. Como afirmei na abertura da
Assembleia Geral da ONU, tenho certeza de que nós, mulheres, faremos tudo para
garantir que o século XXI seja o século das mulheres.
As organizações da sociedade civil e os governos progressistas, cada um na sua
dimensão, podem fazer desses primeiros anos do novo milênio o anúncio de uma
nova era. Para isso, é decisivo o fortalecimento dos laços de solidariedade e
da cooperação Sul-Sul que unem os nossos povos.
Os grandes movimentos da humanidade são feitos de ação, mas também, de
esperança. Foi a esperança que moveu a minha geração, décadas atrás. Hoje,
quando olho para o caminho percorrido e para os objetivos alcançados, só posso
dizer a vocês: valeu a pena, companheiros e companheiras.
É essa esperança, é essa esperança que nos une e nos mobiliza para a Rio+20. É
essa esperança que deve sempre nos guiar na busca de um novo modo de vida,
inclusivo e sustentável.
Sabendo que o papel da sociedade civil será determinante para o êxito da
Rio+20, conto com a mobilização, com o engajamento e a presença de vocês no Rio
de Janeiro. Eu tenho certeza: um outro mundo é possível.
Até o Rio de Janeiro.
Elzamir Ferreira
domingo, 15 de janeiro de 2012
Conheça os Projetos para a Educação em nosso País
O Governo Lula abriu as portas para o acesso a Educação Superior em nosso Pais. A Presidente Dilma mantem o processo fazendo a descentralização deste requisito multiplicando as possibilidades do sujeito para conseguir realizar sua formação em cursos que facilite o aperfeiçoamento de cada um de acordo com as Universidades e vagas oferecidas que cada estudante consegue garantir nesses espaços acadêmicos tão maravilhosos. Uma caminhada de buscas de pesquisas, projetos e sonhos. Onde a vida de cada uma dessas pessoas somam-se na construção do desenvolvimento social, econômico, politico e cientifico ampliando e fazendo a diferença de uma sociedade marcada pela cultura e suas diversidades que fizeram suas histórias e que hoje temos a oportunidade de conhecer, analisar, criticar e fazer as mudanças necessárias.
O Ministério da Educação desenvolve sua metodologia e amplia formas de tornar essas possibilidades reais na vida das pessoas. Mas para que as regras sejam cumpridas é necessário acompanhamento e fiscalização.
Acompanhe e fique atualizado junto destes processos. Seja também um apaixonada pela Educação e aprimoramento do ser humano fazendo sua participação, divulgando e fiscalizando com compromisso.
Leia e fique por dentro desta contínua caminhada!
Financiamento da Educação - Prestação de contas
Novas regras para prestar contas em 2012
O FNDE instituirá em 2012, mediante Resolução do seu Conselho Deliberativo, a obrigatoriedade de utilização do Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SiGPC), desenvolvido para facilitar a gestão dos processos de prestação de contas dos recursos repassados a estados, Distrito Federal, municípios e entidades privadas sem fins lucrativos.
visite e conheça este site:
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Ensinando por meio de Projetos de Trabalho: Relato de uma Experiencia...
- Ao acompanhar mais um ano letivo nas escolas publicas do estado do Rio Grande do Sul, percebendo as diversas dificuldades que tanto educadores (as) enfrentam, direções , administradores da rede sofrem com os diversos processos relacionados ao ambiente adequado ao acolhimento estudantil, os educandos (as), enfrentam as diferenças e a diversidades de temas na rua e sala de aula quais muitas vezes possuem divergências de olhares de acordo com o desenvolvimento emocional, conhecimentos e realidades que tornam-se até formas de exclusão quando não consegue as mesmas experiências vividas. Os pais, na luta constante de manter-se vigilante e incentivar o seus filhos para uma aprendizagem que prepare essas crianças e jovens para a vida, sujeitos independentes, autônomos e criativos realizando a integração destes na sociedade em estão inseridos.Uma educação que traz grandes desafios, a busca pela formação de equipes que sintam-se preparadas nas diversas e áreas buscando contemplar a essência humana e o intelecto dos sujeitos em um processo que sempre leva a novas formas e novas descobertas.
- Portanto, busquei um texto que foi desenvolvido junto a um artigo que se refere a organização e reflexão do
- currículo escolar de uma escola pública de Assis Paulista por meio de projetos de trabalho, uma forma nova de aprender e ensinar que leva em consideração os interesses , a cultura e o conhecimento de experiencias individuais dos alunos ( as), de Fabio B. Feitosa.
- Acompanhe junto a este site:
http://www.assis.unesp.br/revistadiscenciapesquisa/docs/FeitosaFB_2.pdf
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Plenária da Setorial de Educação
Lembrete:
Grande Plenária da Setorial da Educação será nesta segunda-feira – 05 de dezembro, às 19h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa - 3º andar
Praça Marechal Deodoro, 101 - Porto Alegre. Na Pauta: " A proposta para o Ensino Médio."
Lembrando que acontecerá Debates Capitais de 2011, que traz um dos ícones da luta pela democracia à Porto Alegre, filósofa e professora da USP, Marilena Chaui. O encontro será na quarta-feira (07 de dezembro), às 19h, no Plenário Otávio Rocha da Câmara Municipal de Porto Alegre (Av. Loureiro da Silva, 255).Democracia, Violência e Participação serão os temas abordados pela filósofa.
Os Debates Capitais já trouxeram Boaventura Souza Santos, Raquel Rolnik e Tariq Ali, expoentes internacionais em suas áreas de atuação e reflexão.
Sofia Cavedon,
Coordenação da Setorial.
Elzamir Ferreira _ Acadêmica de História e Agente Educacional Júlio de Castilios
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