terça-feira, 21 de junho de 2011

BLOGUEIROS PROGRESSISTA E LIDERANÇAS DEBATEM COMUNICAÇÃO EM BRASILIA...

2º BlogProg: novo marco regulatório das comunicações ainda longe de se concretizar. É hora de mobilizar

18/06/2011

Blogueiros progressistas e lideranças debatem comunicação em Brasília

Escrito por: Isaías Dalle

Dois momentos diferentes nas atividades do 2º Encontro Nacional dos Blogueiros Progressistas. Na noite de sexta, mais festiva porque de abertura, aplausos acalorados para o presidente Lula, que arrancou também várias gargalhadas da platéia de mais de 500 pessoas ao falar como convidado e ainda foi recebido por uma nova palavra de ordem, releitura de outra mais antiga: “Lula, blogueiro, do povo brasileiro”.

Já na manhã deste sábado, mais sisuda porque dedicada a debates mais profundos, a leitura dos expositores foi na linha de questionar as diferenças entre o raio de ação de governos e Estado e o real poder, “que não é do Estado nem do governo”, como afirmou o professor e jurista Fabio Konder Comparato, um dos debatedores.

Um resumo possível da manhã de hoje: a) sem democratização das comunicações, não será possível realizar as outras reformas necessárias – como a agrária, a política e a tributária –, uma vez que a concentração dos meios de comunicação na mão de poucos grupos impede a difusão das informações transformadoras; b) os sucessivos governos, incluindo os oitos anos de governo Lula e os primeiros instantes do governo Dilma, não enfrentaram a questão do monopólio das comunicações.

A questão, portanto, está em aberto e os obstáculos são imensos.

Daí a necessidade de um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil, tema da primeira mesa de debates do sábado. O professor Venício Santos Lima, pesquisador e autor de livros sobre o tema, destaca que esse debate sobre um novo marco para a comunicação teve início, no mínimo, durante o processo constituinte, na segunda metade dos anos 1980. E que voltou à cena e ao noticiário no início do primeiro mandato de FHC, entre os anos 1994 e 1995.

“Isso significa que não é verdade, ao contrário do que dizem aqueles que não querem um novo marco regulatório, que esse debate surgiu no governo Lula e que possa significar uma tentativa de censura ao meios”, disse Venício. “Ao contrário, esse é um debate para dar voz a quem não tem”. Lembrando citação do padre Antonio Vieira, Venício comentou: “O problema do Brasil é que ele não tem voz. O povo pobre não pode se expressar”.

No debate sobre um novo marco regulatório para as comunicações, a questão da propriedade cruzada de emissoras de TV, rádio e jornal impresso por uma mesma pessoa ou grupo econômico sempre vem à tona.

“A dominação dos meios faz parte dos núcleos, e não da superfície do poder capitalista”, afirmou Fabio Konder Comparato. O jurista destacou que foi a necessidade de dominar os meios que levou o capitalismo a desenvolver novas tecnologias na área e chegar ao rádio e à TV, um instrumento de informação instantâneo, mas que circula a mensagem apenas em sentido único. Quem a recebe não participa do processo.

Concentrada como é, tem um poder imenso. Comparato ainda discorreu sobre a impotência dos órgãos de Estado diante dessa máquina oligárquica. Para ilustrar a tese, citou como exemplo uma história que aconteceu com “um professor idiota de São Paulo”, numa alusão bem-humorada a ele mesmo. Depois de enviar um carta ao jornal “Folha de S. Paulo”, comentando uma reportagem, viu seu texto publicado junto com um comentário da direção de redação do jornal, que acusava o autor da carta de “cínico e mentiroso”. Diante da grave acusação, buscou reparação na Justiça, que mais tarde inocentaria o jornal.

Concluiu dizendo que, diante desse poder do oligopólio e do monopólio, “não há espaço para a negociação nem para a conciliação de interesses”. Comparato recorreu a outro exemplo, esse mais impactante e amplo que o anterior, para ilustrar esse choque desigual.

Autor de três ações diretas de inconstitucionalidade por omissão (ADO), todas para cobrar o cumprimento da regulamentação do dispositivo constitucional que determina revisão periódica das concessões de rádio e TV, Comparato comentou: “Faz três meses que o Ministério Público Federal recebeu as ADOs e não proferiu nenhum parecer, e nem parece que vai emitir um parecer”.

A deputada federal Luiza Erundina, outra debatedora, confirmou essa imensa diferença entre os meios públicos de controle existentes e o poder real da mídia comercial. Desta vez, no Congresso Nacional.

Erundina lembrou que, quando foi integrada à Comissão de Ciência e Tecnologia, não tinha familiaridade com o tema. “Mas lá chegando percebi o caráter estratégico do objeto daquela comissão, que são as telecomunicações. Eu como tenho origem na militância da luta pela terra, percebi que o dia em que a gente democratizar de fato a comunicação, teremos condições de fazer todas as reformas necessárias, inclusive a reforma agrária”.

Porém, tão logo percebeu a importância de acompanhar o tema através do Congresso, notou também que as concessões de rádio e TV são renovadas sem qualquer análise técnica e política séria por parte do Congresso. “Até hoje é assim”, confirma. E informa que o Conselho de Comunicação Social do Congresso, ainda que tivesse apenas caráter consultivo, foi desativado há cinco anos. “Protestei formalmente contra isso por várias vezes, mas não obtive resposta das lideranças, da Presidência do Senado”, disse Erundina.

A deputada federal e também integrante da Frente Parlamentar pela Democratização das Comunicações, lembrou igualmente da imensa dificuldade de realizar audiências públicas para tratar de renovação de concessões de canais de TV e rádio. “Deputado tem muito medo de se indispor com a mídia, é impressionante. Aí desaparecem e não votam”, informou a parlamentar.


Criança esperança

O professor Fabio Konder citou estudo patrocinado pela Unesco e divulgado em fevereiro, em que a entidade da ONU critica a alta concentração dos meios de comunicação em mãos privadas no Brasil.

Após a divulgação desse estudo, a Rede Globo de Televisão – citada nominalmente no trabalho da Unesco – chamou os representantes da entidade no Brasil para ameaçá-los com o fim do programa Criança Esperança, segundo o professor Comparato. Questionado ao fim de sua fala sobre maiores detalhes a respeito desse episódio, o jurista aconselhou que sejam procurados os autores do estudo que irritou a Globo – Toby Mendel e Eve Salomon.

Como uma das formas de a população enfrentar o poder desses monopólios, o professor citou uma de suas bandeiras: a regulamentação da democracia direta no país e a “liberação” – termos dele – dos plebiscitos e referendos no País. “Se pudéssemos usar os referendos e plebiscitos como instrumento da luta popular, é evidente que a casa ia cair”.


Luiza Erundina encerrou o debate com uma fala otimista. Sem discutir os méritos de um certo tom pessimista das análises anteriores, ela afirmou que a “utopia deve ser contada não em nossos anos de vida, mas na perspectiva histórica. Vocês jovens não têm o direito de desanimar”. A deputada fez uma sugestão, diante de pergunta apresentada por um integrante da platéia. “Por que vocês mesmos não criam conselhos estaduais e regionais de comunicação, sem esperar o aval de governador, de prefeito? Isso é luta”. Aplaudida de pé, retomou o microfone para dizer: “Sabe por que vocês gostaram? Porque isso está dentro de vocês”. A deputada destacou que sem mobilização, o processo de mudança ficará mais difícil ainda.
Mesa com Erundina, Comparato e Venício
Mesa com Erundina, Comparato e Venício

Logo depois, em outra mesa de debate, José Dirceu, ele mesmo um blogueiro, disse que à consolidação desse movimento de comunicação é preciso iniciar uma nova fase. "Acho que estamos na hora de organizar mobilizações para pressionar pelo novo marco regulatório".


Na noite de sexta

O ex-presidente Lula foi a estrela da noite de sexta. Elogiou os blogueiros e agradeceu o papel desempenhado pelos blogs e pelas redes sociais progressistas no trabalho de desmentir as armadilhas da campanha eleitoral de José Serra (como no caso do “meteorito de papel”, como lembrado por Lula).

Depois dele, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, procurou fugir de perguntas espinhosas sobre o enfrentamento de monopólios como o da Globo, mas adiantou ao menos duas propostas. A primeira, a de que até o final deste ano chegará a internet banda larga a R$ 35,00, oferecendo 1 M de conexão. A outra, profundamente ligada à primeira, é de que a Telebrás está no comando da expansão da rede, mas que atuará em conjunto com as empresas privadas, alterando, no entanto, cláusulas contratuais que o governo tem com esses grupos, obrigando-os a cumprir as metas de acesso e distribuição a ser estabelecidas pelo futuro Plano Nacional de Banda Larga, prevendo punições para descumprimentos.
O ministro deu a resposta motivado por intervenções como a da secretária nacional de Comunicação da CUT, Rosane Bertotti. "Eu queria que ele fosse além e falasse sobre instrumentos de controle social sobre a ampliação da banda larga e a fiscalização das empresas", comentou ela, depois.
o 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas é uma iniciativa do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, da Altercom e do Movimento dos Sem-Mídia, com o apoio, entre outras entidades, da CUT, da FUP, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da Rede Brasil Atual e da TVT, que cuidaram da transmissão ao vivo do evento.

O BRASIL ASSUME PLANO DE ACABAR COM A MISÉRIA NO PAÍS...

Dados do governo - mapa sócio-econômico da população considerada em condições de miséria ou pobreza absoluta.

Perfil da população extremamente pobre  estimada em 16 milhões de habitantes
• 59% estão concentrados na Região Nordeste - 9,6 milhões de pessoas;
 Do total de brasileiros residentes no campo, um em cada quatro se encontra em
extrema pobreza (25,5%); ou 4,1 milhões de pessoas.
• 51% tem até 19 anos de idade;
• 40% tem até 14 anos de idade;
• 53% dos domicílios não estão ligados à rede geral de esgoto pluvial ou fossa séptica;
• 48% dos domicílios rurais em extrema pobreza não estão ligados à rede geral de distribuição de água e não têm poço ou nascente na propriedade;
• 71% são negros (pretos e pardos);
• 26% são analfabetos (15 anos ou mais).=4 milhões de pessoas.
 
 
TERRA, TRABALHO, ESCOLA  E RENDA PARA TODOS E TODAS....

MNLMBRASIL - CARTA ENTREGUE A PRESIDENTA DILMA...

Segue documento entregue a Presidenta Dilma na apresentação do MCMV II



Somos o Movimento Nacional de Luta pela Moradia do Brasil – MNLM/Brasil com 20 anos de luta pela Reforma Urbana no Brasil e herdeiros da utopia de milhares de brasileiros que lutam por uma Sociedade/Cidade sem exclusão.
Nossa MISSÃO é articular lutas/lutadores e experiências diversas pelo Direito à Moradia Digna e a Cidade na direção da Reforma Urbana. Conquistamos ao lado de entidades aliadas em passado recente, conquistamos inúmeros avanços Institucionais dos quais poderemos citar: A exigência constitucional de cumprimento da função social da propriedade, Art. 182 e 183 Constituição, a aprovação do Estatuto das Cidades; a criação de Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (Conselho, Plano e Fundo) com recursos não onerosos para Habitação de Interesse Social, a criação do Ministério e do Conselho das Cidades com  o conseqüente processo de Conferências e Conselhos das Cidades, organizados de forma a garantir a gestão intersetorial e transversal das políticas e as intervenções urbanas;
Estamos no esforço de construção de um processo coletivo para implantação do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano – SNDU com gestão democrática das cidades brasileiras.
Neste momento em que a Habitação recebe o maior aporte de recursos públicos da história, dois sentimentos contraditórios perpassam o conjunto dos lutadores pela Reforma Urbana: De um lado, a certeza inequívoca de que estamos frente a frente com a maior oportunidade histórica de universalizar o Direito a Moradia Digna e a inversão da lógica excludente de produção e reprodução do espaço urbano; Por outro lado o desafio de impedir que estes mesmos recursos consolidem o modo de acumulação de poucos em detrimento das necessidades e os direitos da maioria.
Temos certeza que nossas preocupações encontram eco substancial no Governo de Vossa Excelência pelo que apresentamos algumas delas:
·   Os recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida e do PAC Habitação precisam ser alocados no FNHIS em consolidação do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. Conhecemos as dificuldades legais e burocráticas inerentes a gastos do OGU, pelo que propomos seja considerada a necessidade de remover os entraves, quer seja os afetos ao modus operandi do Banco CAIXA, quer seja modificações no âmbito da Lei Federal 8666
·   Considerando que a quase totalidade do déficit quantitativo de Moradia localiza-se na faixa de menor renda, solicitamos o aumento percentual do Programa Minha Casa Minha Vida para  esta camada da população;
·   Aumento da parcela de recursos do MCMV-2 destinados ao acesso direto das entidades do Movimento Popular;
·   Monitoramento da implantação dos empreendimentos - quantidade de unidades por empreendimento, infra-estrutura local, questão fundiária, etc – Empoderar o Ministério das Cidades e CONCIDADES para esta missão
·   Inibição do uso do programa MCMV na política de exclusão sócio / territorial (remoções), especialmente nas Regiões e Metrópoles que sediarão competições da Copa e Olimpíada;
·   Estabelecer Diretrizes de Sistema e Programas que avancem no cumprimento do Artigo 6º da Constituição, qual seja a universalização do Direito à Moradia;
·   Empenho do Governo de Vossa Excelência pela aprovação da PEC 285/08, que garante orçamento a longo prazo para a Habitação de Interesse Social.
Por último e não menos importante esperamos de Vossa Excelência, o devido reconhecimento do papel histórico destinado ao Ministério das Cidades na condução da Política Urbana com Gestão Democrática, implantando e consolidando os Sistemas Nacional de Desenvolvimento Urbano e de Habitação de Interesse Social, papel que apenas chegará a termo com recursos, autonomia e gestores historicamente comprometidos com estes desafios.
Sem mais, dispomo-nos junto a Vossa Excelência na grande empreitada que determina o enfrentamento das causas estruturais da desigualdade sociais em nosso país, somando-nos neste que é o grande desafio do Vosso Governo: A erradicação da miséria no nosso rico País.
Respeitosamente,
Coordenação Nacional
Movimento Nacional de Luta pela Moradia do Brasil – MNLM/Brasil

Acampamento do povo Indígena em Santa Maria - não consegue terre para morar...

Lonas pretas, retratos de dor e sofrimento de um povo!
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Roberto Antonio Liebgott
Cimi Regional Sul - Equipe Porto Alegre

O vento frio soprava sobre as chamas de um pequeno fogo no chão. No céu, uma lua clara iluminava a fumaça que subia, como que indo ao seu encontro. Ao redor do fogo algumas mulheres, homens e crianças em silêncio contemplavam a noite. A tranquilidade
Foto: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
daquele momento, à luz da lua, ao calor do fogo, era quebrada pelos sons inquietantes e quase que ininterruptos dos caminhões que trafegavam pela estrada. À beira de uma rodovia, os barracos de lonas pretas servem de abrigo e lar para a comunidade Guarani Mbyá do Arenal, localizada sobre o barranco da BR-392, na cidade de Santa Maria/RS. 

O silêncio naquele início de noite, segunda-feira, 13 de junho de 2011, tinha uma única razão. O luto. Morreu, dois dias depois de nascer, Rodrigo Martins. A mãe, Suzana Benites, acometida por uma pneumonia deu a luz prematuramente ao menino. Ela permanece internada em estado grave.

Em 09 de junho de 2011 nasceu mais um Mbya na beira da estrada, debaixo de um barraco de lona preta, sob o frio intenso e úmido de outono. No dia 11 de junho de 2011 ele foi acolhido por Ñhanderu. Foram apenas dois dias vividos. Tempo suficiente para que Rodrigo sentisse no corpo a dor e a angústia de seu povo.

O pequeno Rodrigo veio habitar um mundo doente. Mesmo no ventre de sua mãe sofreu, junto com ela, o descaso, a omissão e a negligência do poder público. Ele foi concebido sob o abrigo das lonas e sobre o chão molhado. Lá, no barranco da estrada, sem as mínimas condições de vida, passou sua gestação guardado e amparado pelo ventre da mãe que adoecia. Ela, mesmo doente, o amou e sonhou com a possibilidade de que o filho pudesse ter uma vida melhor do que a dela e a de seu marido, o Karaí (líder religioso) da comunidade, Marcelino Martins.

A morte do Rodrigo aconteceu porque os órgãos de assistência, especialmente a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Secretaria Especial de Atenção à Saúde Indígena (SESAI) e a Prefeitura Municipal de Santa Maria, desprezam o povo Guarani. Desprezam o seu modo de ser. Desprezam seus direitos humanos e constitucionais. Os governos federal, estadual e municipal não reconhecem estes direitos. O abandono e a omissão parecem ser parte de uma política previamente planejada.

Foto: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
Não é por acaso que este povo vive, resiste e reclama direitos nas margens de estradas ou em pequenas áreas de terras sem água potável, sem saneamento básico, sem terra para plantar e produzir seu sustento. E na noite em que Suzana Benites dava a luz a Rodrigo, as lideranças Guarani do Arenal reivindicaram apoio médico, bem como solicitaram uma ambulância. E certamente não foi por acaso que elas não foram atendidas.

Nada é por acaso numa sociedade preconceituosa e governada por autoridades e políticos igualmente preconceituosos. Nesta sociedade não há lugar para povos e culturas diferentes, pois estes são oposição ao modo capitalista de ser.

Foto: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
O Povo Guarani, assim como os demais povos indígenas, está entre aqueles que os governantes, desde a ditadura militar, gostam de classificar como estorvo, penduricalhos ou entraves. É por isso que não se demarcam as terras, não lhes são destinadas políticas públicas adequadas e coerentes. O máximo que lhes oferecem são esmolas, através de cestas básicas ou as sobras de alguns medicamentos, ou os resquícios de alguma capoeira nas margens de domínio das estradas e/ou pedaços de lonas pretas. Lonas que na essência da imagem são como que retratos da dor e do sofrimento do Povo Guarani no Rio Grande do Sul.

Nisto se resume a política do Estado Brasileiro para os Guarani Mbya. As condições a que se submetem estes homens, mulheres e crianças, são desumanas e inaceitáveis: viver em acampamentos provisórios, desprovidos de tudo o que pode assegurar a vida. E eles seguem vivendo, não por dias ou meses, mas por anos e anos uma situação de desesperadora espera pela ação do poder público, pela constituição de GTs de identificação e delimitação territorial, pela demarcação e garantia das terras. Mas o governo nada faz! Pratica, com isso, um genocídio lento e gradativo. Desrespeita a dignidade e os direitos humanos, sociais, políticos deste povo já tão ultrajado.

Foto: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
Mas, apesar do Estado e suas estruturas desumanas, a resposta é a resistência. Impressiona aos que convivem com os Guarani Mbya o fato de que, mesmo diante da dor e do sofrimento, eles se apegam à Vida. Sustentam-se no modo de ser Guarani. Apegam-se a sua cultura, as suas crenças, a sua tradição. Apegam-se a sua religiosidade e rejeitam completamente o modo de ser dos Juruá (brancos).

O que certamente incomoda os governos é constatar que apesar de suas políticas e artimanhas os Guarani não desistem de lutar pelos seus direitos. E certamente incomoda ainda mais as autoridades o fato de que as lutas Guarani não são convencionais ou previsíveis, elas são cotidianas, insistentes e contínuas, tal como o seu modo de viver, num contínuo caminhar. Elas são centradas na crença de que há "uma terra sem mal" e que esta deve ser buscada e conquistada através do diálogo, da tolerância, da perseverança, não como uma utopia, mas como possibilidade real.

Os Guarani do Arenal já apresentaram às autoridades municipais, estaduais e federal um programa de ações para solucionar os problemas a curto, médio e longo prazo. Querem assistência continuada em saúde. Querem também que a Funai crie um grupo de trabalho para proceder aos estudos de identificação e delimitação de uma terra dentro do vasto território Guarani. E desejam ainda que, enquanto isso não acontece, seja destinada uma área para o assentamento das famílias que vivem em beira de estradas, mas este local precisa oferecer condições adequadas para viver, tendo água potável, casas, saneamento básico, assistência em saúde, educação.

As propostas são simples, viáveis e pouco dispendiosas. No entanto, os entes públicos não esboçaram nenhuma intenção em implementá-las. Ao que parece, a omissão, a
Foto: Gapin - Grupo de Apoio aos Povos Indígenas
negligência ou o mero assistencialismo são os traços marcantes de uma política destinada aos povos indígenas, que se concretiza cruelmente na realidade dos acampamentos à beira de rodovias.

Os barracos de lona parecem sinalizar que as reivindicações dos Guarani não têm  a menor importância e que a existência deste povo não interessa ao poder público.  Também não interessa à sociedade que sequer percebe a presença deste povo em acampamentos que agora estão como que incorporados à paisagem.

Esta dura realidade ofende não somente o modo de ser dos Guarani Mbya, como também um conjunto de princípios e de direitos, cunhados com suor e sangue, para resguardar nossa humanidade. Ao submeter os Guarani Mbya a esta condição desumana, o poder público insinua, em síntese, que não há lugar para este povo, num mundo em que a propriedade e a máxima produtividade definem o que conta e o que pode ser descartado. Nega-se assim o direito, nega-se a diferença, nega-se a vida.

Porto Alegre, RS, 17 de junho de 2011.
 Itamar Guilherme

Artigo de Leonardo Boff - Fundação Lauro Campos - O Socialismo e a Liberdade...

Sustentabilidade e cuidado: um caminho a seguirPDFImprimirE-mail
Questões Ideológicas
Leonardo Boff   
Qui, 16 de Junho de 2011 14:37
Leonardo BoffLeonardo BoffHá muitos anos, venho trabalhando sobre a crise de civilização que se abateu perigosamente sobre a humanidade. Não me contentei com a análise estrutural de suas causas, mas, através de inúmeros escritos, tratei de trabalhar positivamente as saidas possíveis em termos de valores e princípios que confiram real sustentatibilidade ao mundo que deverá vir. Ajudou-me muito, minha paricipação na elaboração da Carta da Terra, a meu ver, um dos documentos mais inspiradores para a presente crise. Esta afirma:"o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal".
Dois valores, entre outros, considero axiais, para esse novo começo: a sustentabilidade e o cuidado.
A sustentabilidade, já abordada no artigo anterior, significa o uso racional dos recursos escassos da Terra, sem prejudicar o capital natural, mantido em condições de sua reprodução, em vista ainda ao atendimento das necessidades das gerações futuras que também têm direito a um planeta habitável.
Trata-se de uma diligência que envolve um tipo de economia respeitadora dos limites de cada ecossistema e da própria Terra, de uma sociedade que busca a equidade e a justiça social mundial e de um meio ambiente suficientemente preservado para atender as demandas humanas.
Como se pode inferir, a sustentabilidadae alcança a sociedade, a política, a cultura, a arte, a natureza, o planeta e a vida de cada pessoa. Fundamentalmente importa garantir as condições físico-químicas e ecológicas que sustentam a produção e a reprodução da vida e da civilização. O que, na verdade, estamos constatando, com clareza crescente, é que o nosso estilo de vida, hoje mundializado, não possui suficiente sustentabildade. É demasiado hostil à vida e deixa de fora grande parte da humanidade. Reina uma perversa injustiça social mundial com suas terríveis sequelas, fato geralmente esquecido quando se aborda o tema do aquecimento globl.
A outra categoria, tão importante quanto a da sustentabilidade, é o cuidado, sobre o qual temos escrito vários estudos. O cuidado representa uma relação amorosa, respeitosa e não agressiva para com a realidade e por isso não destrutiva. Ela pressupõe que os seres humanos são parte da natureza e membros da comunidade biótica e cósmica com a responsabilidade de protege-la, regenerá-la e cuidá-la. Mais que uma técnica, o cuidado é uma arte, um paradigma novo de relacionamento para com a natureza, para com a Terra e para com os humanos.
Se a sustentabilidade representa o lado mais objetivo, ambiental, econômico e social da gestão dos bens naturais e de sua distribuição, o cuidado denota mais seu lado subjetivo: as atitudes, os valores éticos e espirituais que acompanham todo esse processo sem os quais a própria sustentabilidade não acontece ou não se garante a médio e longo prazo.
Sustentabilidade e cuidado devem ser assumidos conjutamente para impedir que a crise se transforme em tragédia e para conferir eficácia às praticas que visam a fundar um novo paradigma de convivência ser-humano-vida-Terra. A crise atual, com as severas ameaças que globalmente pesam sobre todos, coloca uma improstergável indagação filosófica: que tipo de seres somos, ora capazes de depredar a natureza e de por em risco a própria sobrevivência como espécie e ora de cuidar e de responsabilizar-nos pelo futuro comum? Qual, enfim, é nosso lugar na Terra e qual é a nossa missão? Não seria a de sermos os guardiães e e os cuidadores dessa herança sagrada que o Universo e Deus nos entregaram que é esse Planeta, vivo, que se autoregula, de cujo útero todos nós nascemos?
É aqui que, novamente, se recorre ao cuidado como uma possível definição operativa e essencial do ser humano. Ele inclui um certo modo de estar-no-mundo-com-os-outros e uma determinada práxis, preservadora da natureza. Não sem razão, uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade e que culmina em Heidegger e em Winnicott defina a natureza do ser humano como um ser de cuidado. Sem o cuidado essencial ele não estaria aqui nem o mundo que o rodeia. Sustentabilidade e cuidado, juntos, nos mostram um caminho a seguir.
Leonardo Boff é teólogo

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

PROJETO

Investigação histórica de contrastes no ensino-aprendizagem de História no Nível Médio

Elzamir Ferreira

“planejar significa traçar um curso de ação que podemos seguir para que nos leve às nossas finalidades desejadas”. CHURCHMAN, C. West. Introdução à teoria dos sistemas. Petrópolis: Vozes, 1971, p.190.

Porto Alegre

2010

RESUMO

“Investigação histórica de contrastes no ensino-aprendizagem de História no Nível Médio” trata de levantamento da história dos recursos de ensino-aprendizagem e atividades extra-classe na disciplina de História e seu grau de eficácia, com especulação de como ampliá-los através do uso das novas ferramentas tecnológicas dentro do universo da Escola Estadual Júlio de Castilhos.

Palavras-chave: Investigação – História – ensino-aprendizagem – extra-classe – ferramentas tecnológicas.

Sumário

Resumo..............................................................................................I

Sumário............................................................................................II

CAPÍTULO 1 - JUSTIFICATIVA........................................................01

CAPÍTULO 2 – PROBLEMA....................................................................03

CAPÍTULO 3 - FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES...........................05

CAPÍTULO 4 OBJETIVOS................................................... ................07

CAPÍTULO 5 - REVISÃO DA LITERATURA...................................08

CAPÍTULO 6 – METODOLOGIA.......................................................11

CAPÍTULO 7 - RESULTADOS ESPERADOS..................................13

CAPÍTULO 8 - CRONOGRAMA.............................................................14

CAPÍTULO 9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................15

1. JUSTIFICATIVA

Tomando por inspiração, indagações nascidas em trabalho preliminar, com perfil de pré-pesquisa de campo especulativa, aplicada na Escola Estadual de 1º e 2º Graus Venina Palma, situada em Palmeira das Missões, RS, que foi dirigida a alunos, a professores, à “comunidade inserida” e ao ambiente da biblioteca da escola. Trabalho que tentava propor um modelo para o processo de pesquisa - isto é, atividade extra-classe - da parte dos alunos, através de criação de projeto, a ser aplicado no âmbito da biblioteca escolar, visando promover a “eficácia da construção, concretização e internalização da pesquisa”, sobretudo, voltado à disciplina de história.

Considerando, por outro lado, a possibilidade e utilidade de generalização de aspectos conceituais aí levantados. Ou seja, respeitadas as proporções e diferenciações de novas amostras, o valor de enfocar um contexto mais abrangente, usando para isso a técnica da extrapolação. Um modo de projetar uma base de conhecimentos, que ajude na compreensão das realidades deste prisma, por exemplo, nas instituições escolares da rede estadual de ensino.

Considerando também que este referencial, mesmo revestido de caráter superficial, serviu como fértil território para a formulação de problematizações e problemas de perfil coerente, adequadas à busca por hipóteses e pela estruturação de um trabalho mais formal.

Do ponto de vista da análise do potencial de pesquisa pura, tal território foi laboratório e nascedouro de pistas para uma investigação útil do ponto de vista acadêmico. Igualmente, de relevo especial para o mundo das práticas pedagógicas, dentro da realidade de cada “escola-amostra”.

Embora a inviabilidade de, enquanto proposta inicial de pesquisa, acomodar um grande universo amostral, o perfil escolhido faz pensar que possua a propriedade de desencadear estudos complementares e “por amostra” para adaptá-lo a realidades diversas.

Em síntese, seu potencial de transitar do projeto à pesquisa e, desta, a evento concreto com repercussões favoráveis a determinada instituição de ensino, comunidade escolar e “comunidade inserida”, pode contribuir para esse efeito “repercutivo” e para ajudar a compor uma face construtiva no âmbito do aprimoramento das práticas pedagógicas.

De outro lado, não é propósito do estudo aqui projetado explicar o contexto global, como regra específica, uma vez que parece discutível pensar que diferentes unidades amostrais, isto é, instituições de ensino possam ser alinhadas como possuidoras de realidades que permitam o emprego de modelos exatamente iguais.

Por evidente, a escolha de uma única unidade amostral, em função da existência destas individualidades, corresponde ao caminho mais seguro para geração de uma base preliminar de dados de qualidade, para boa sistematização de variáveis e conceitos, no esforço por obter-se confiabilidade nesta e eventuais outras tarefas investigativas.

Finalmente, pela possibilidade potencial de o processo de pesquisa, partindo do próprio conhecimento histórico das práticas desenvolvidas durante a existência das disciplinas na “instituição-amostra”, como linha mestra da compreensão dos modelos ordinariamente adotados, vir a apontar na direção do que é novo, do que é possível, do que é realizável e vantajoso no campo das técnicas pedagógicas, em especial as voltadas ao ensino-aprendizagem e atividades extra-classe, dentro da própria disciplina de História. Objeto, em última análise, conseqüente de uma formulação que engendre a conjugação da teoria pedagógica com o ferramental oferecido pelas novas tecnologias nos campos da comunicação e processamento da informação. E, ainda, tendo por considerar a propriedade de viabilidade, ligada ao tempo presente, em que essas possibilidades técnicas avançam no terreno da ampliação da acessibilidade aos cidadãos, em escala globalizada.

2. PROBLEMA

Apelando à visão da Teoria dos Conjuntos, porém, adaptada ao fluxo de idéias na constelação das ciências sociais, é razoável e útil configurarem-se partes-conjunto, que abracem as áreas do conhecimento que se quer tratar, com as delimitações de interesse do projeto e, com igual requisição, as interações exigidas pelo enfoque da pesquisa-estudo. Objetivando, então, com este artifício conceitual clareza e facilidade no trato das idéias, desde as fontes de pesquisa, ao fundamento da delimitação, passando pelas formulações montadoras dos processos do corpo da futura pesquisa.

Retomando-se, então a base de provocação das formulações: Qual seja a “experiência montada em caráter de menor rigor, levada a efeito em escola da rede pública, em localidade no interior do Estado do Rio Grande do Sul”. Torna-se possível que, a partir dessa gênese, sejam filtrados os elementos para compor as “variáveis e constantes”, assim como os “operadores” do problema que se quer circundar.

Em primeiro lugar, o universo amostral.

Conforme e pelas razões justificadas, do ponto de vista “macro” a necessidade de apenas uma amostra, de aspecto estrutural, consubstanciada e centrada em uma instituição de ensino, contendo as propriedades essenciais ao processo de pesquisa. Neste projeto, a escolha recaiu na instituição de nome “Escola Estadual Júlio de Castilhos”, fundada em 23 de março de 1900, por apresentar essas propriedades.

Fora do terreno macro, subdivididas suas características a partir de dois fatos axiomáticos: O primeiro dando conta que exista o ente institucional no tempo, no espaço e na história e o segundo que contenha em sua estrutura uma população amostral passível, também, de ser tratada sob as óticas do tempo, do espaço e da história.

Resumindo esse conjunto: No caráter da visão externa, é destacada uma escola da rede pública, com longa existência no tempo e retratada em registros históricos. Internamente, são trazidos a relevo, com o conceito de “constantes”: Suas instalações físicas e departamentos – tendo como destaque, entre eles, a biblioteca – as comunidades de alunos, de professores, de funcionários, de pais desses alunos, as potenciais “comunidades inseridas”, ao lado das equipes diretivas. Na linha do tempo, são considerados os grupos ou comunidades existentes no momento atual e os havidos.A propósito da ênfase ao departamento de biblioteca, cabe citar que do ponto de vista cultural, Fragoso(2002) diz que a biblioteca torna-se complemento da educação formal quando fornece aos seus usuários várias opções de leitura, possibilitando, dessa forma, ampliar seus conhecimentos.

No campo das “variáveis”: Há que se destacar a história da instituição ao longo de seus dias de existência, da fundação ao presente, sublinhando nesta o processo de formação e aplicação dos currículos e das didáticas, assim como, os perfis de departamentos como a biblioteca e sua repercussão ao assessorar o ensino e as atividades extra-classe das comunidades de alunos, de modo a atender à primeira subdivisão da proposta de pesquisa. Com relação à segunda subdivisão: A história, os relatos, os impactos, as impressões, os fatos, extraídos a partir de procedimento de pesquisa de campo, contendo questionamentos e sistematização de dados que, junto aos dados obtidos na investigação da primeira fase, permitam a avaliação das hipóteses aqui formuladas.

Ainda no campo das variáveis, mas com perfil de “operador”, a evidenciação de mecanismo didático-pedagógico, conformador de modelo diferenciado, aplicável em nível experimental - inicialmente como laboratório para pesquisa – com potencial de servir de base a projeto de natureza “pós-pesquisa”. Modelo esse voltado a ampliar o desempenho das comunidades de alunos e professores no trato com o ensino-aprendizagem e as atividades extra-classe, em conteúdos ligados à disciplina de História.

Em cerne, o problema configura-se na análise de dados históricos e levantados em campo, de modo a permitir as “medições” quantitativas e qualitativas exeqüíveis, capazes de comparar modelos reais, aplicados na história da instituição de ensino, com um “modelo diferenciado” hipotético, de modo a confirmar a hipotética “eficácia” e o hipotético “potencial de aplicação prática” do mesmo, no campo da disciplina de História dentro do universo da instituição de ensino pesquisada.

Por fim, cabe salientar que a delimitação do problema aqui abordado pode ser visto sob a lógica do “recorte espácio-temporal”, onde capturamos no tempo histórico da capital gaúcha, Porto Alegre, a porção temporal e geográfica da existência da Escola Estadual Júlio de Castilhos, desde seu surgimento até o presente. Cabe aqui a acepção de José D’Assunção Barros, em “O Projeto de Pesquisa em História – Da escolha do tema ao quadro teórico”– Petrópolis: Vozes, 2005, p.42, falando sobre o recorte “espácio-temporal”: “A escolha de um recorte temporal historiográfico não deve corresponder a um número propositadamente redondo (dez, cem ou mil), mas sim a um problema a ser examinado ou a uma temática que será examinada.”

3. FORMULAÇÃO DE HIPÓTESES

Neste ponto, é fator preliminar deixar claro que a delimitação do campo de pesquisa realizado não dá margem à discussão das características intrínsecas das “variáveis” e das “constantes” abordadas, ficando as hipóteses situadas no terreno das relações externas entre essas.

Este projeto propõe a realização de trabalho de pesquisa histórica e de campo, na tradicional Escola Estadual Júlio de Castilhos, de modo a confirmar ou rejeitar as seguintes assertivas:

1. No processo histórico, com base, na grade curricular mais antiga conhecida, o ensino da disciplina de história – com esse nome ou nome diverso – já acontecia na instituição de ensino.

2. O departamento com serviço de biblioteca foi instalado nos primeiros cinco anos do surgimento da instituição de ensino.

3. As fases curriculares trouxeram o aprimoramento do método de ensino de história e a gradativa aproximação do grupo de alunos e do grupo de professores em relação ao departamento de biblioteca.

4. Independentemente do grau de preparação dos professores, o avanço da didática e pedagogia ampliou o aproveitamento dos grupos de alunos, em cada época.

5. Independente das demais variáveis, a ampliação dos recursos do departamento de biblioteca, no curso de sua história, foi incapaz de motivar “per si” a ampliação dos trabalhos extra-classe e do aprendizado por parte dos grupos de alunos que se sucederam.

6. As iniciativas de congregar ações interdisciplinares entre os grupos de professores, ao longo da existência da instituição de ensino, não partiram destes e foram tendendo a reduzir sua freqüência ao longo dos anos.

7. No universo do debate interno da interdisciplinaridade, a escola-instituição em foco não foi eficiente em sensibilizar os grupos de alunos quanto ao papel e significado da história e seus métodos na leitura das demais disciplinas lecionadas.

8. Houve compensação de eventuais dificuldades na eficácia do ensino-aprendizagem, em virtude da existência de cultura da politização e do espírito crítico no âmbito dos grupos de professores e de alunos e grupos diretivos, característica histórica da escola.

9. Embora a modernidade, com novas ferramentas para trabalhos extra-classe e ensino-aprendizagem, não houve análise mais cuidadosa de formas de aplicação das mesmas de modo a aproveitar em profundidade seu potencial de aprimorar o aproveitamento dos conteúdos da disciplina de História por parte dos grupos de alunos.

10. As técnicas e ferramentas atuais de comunicação e processamento da informação são alvo do interesse dos grupos de alunos, de professores, pais de alunos e membros do corpo diretivo da instituição alvo da pesquisa.

11. Estes mesmos recursos são capazes de incrementar de modo significativo a eficácia de todo o processo ensino-aprendizagem e dos trabalhos extra-classe pelos grupos de alunos, no âmbito da disciplina de História.

12. No caso da biblioteca, é possível atingir esse patamar de eficiência, adotando-se um novo modelo, no qual as atividades extra-classe sejam expandidas a outra fronteira, agora de cunho tecnológico, em que o grupo atual de professores utilize ferramentas interativas para trabalhar com o grupo de alunos na disciplina de História.

13. Este modelo proposto é tecnicamente viável através do uso de ferramentas de comunicação e informática.

14. As ferramentas em questão poderão ser: Programas interativos, bancos de dados internos e em rede externa, mecanismos de comunicação de natureza interna e externa – exemplificadas por sites, blogs, fóruns, redes de intercâmbio de informações, rádios web e outros recursos.

15. Visualizando-se de modo mais completo, este modelo é a conjunção de recursos de ordem “material”, “virtual” e de “novas práticas” por parte dos grupos de professores, de alunos, de pais e de equipes diretivas, em torno da instituição de ensino e da disciplina de História.

16. Na presença deste modelo, a “medição” do grau de aproveitamento no processo de ensino-aprendizagem e nas atividades extra-classe, na disciplina de História, em contraste com sua ausência, apontará vantagem perceptível.

17. O modelo proposto tem potencial para ser utilizado na instituição alvo da pesquisa, na forma de projeto de inovação tecnológica, dentro do processo ensino-aprendizagem e dos trabalhos extra-classe, na disciplina de História.


4. OBJETIVOS


4.1. Gerais

Produzir um panorama claro da história do processo de ensino-aprendizagem e dos trabalhos extra-classe, com destaque às atividades no departamento de biblioteca; elucidação quantitativa e qualitativa do grau de aproveitamento dos conteúdos da disciplina de História, pelos grupos de alunos, ao longo do tempo; elucidar os modelos didático-pedagógicas e dos trabalhos extra-classe adotados em cada época; propor um modelo com paradigmas atuais, para compor o contraste àqueles.

4.2. Específicos

Identificar o “perfil externo” de “constantes” do tipo: Instalações físicas, departamentos, comunidades de alunos no tempo, comunidades de professores no tempo, comunidades de funcionários no tempo, comunidades de pais desses alunos no tempo, as equipes diretivas no tempo, as potenciais “comunidades inseridas”, isto é, as comunidades do entorno geográfico e social com possibilidade de interação com o universo da instituição alvo da pesquisa. Também, o perfil sócio político diferenciado desta instituição ao longo do tempo e sua influência nos modelos identificados.

Identificar, ainda, o perfil externo das “variáveis”: História da instituição ao longo do tempo, o processo de formação e aplicação dos currículos e das didáticas, perfis organizacionais de departamentos e do departamento de biblioteca, tipos de atividades extra-classe realizadas pelas comunidades de alunos,

Levantar, através da pesquisa de campo, “constantes” e “variáveis” ligadas a: Relatos históricos, opiniões sobre métodos e modelos didático-pedagógicos, contrastes de modelos, grau de aproveitamento na disciplina de história, sugestões de paradigmas, impacto das hipóteses formuladas no projeto.

5. REVISÃO DA LITERATURA

COPSTEIN, C. S., et al. O Julinho sempre foi notícia. Editora Evangraf Ltda.

Porto Alegre, 2001. 59p.

LOMBARDI, J. C. (org). Globalização, Pós-Modernidade e Educação: História,

Filosofia e Temas Transversais. 2ª ed. Editora Autores Associados Ltda.

Campinas, 2003. 234p.

SANFELICE, J. L., et al. História da educação: perspectivas para um

intercâmbio internacional. Editora Autores Associados Ltda. Campinas, 1999.

150p.

Descrição do Colégio Estadual Julio de Castilhos no WikiMapia

Túnel do Tempo, Almanaque Gaúcho, Zero Hora. "No ano da primeira copa", por Olyr Zavaschi

Reportagem de Zero Hora, em 07/09/2007 acessado em 15 de janeiro de 2009

Google Books: Julinho - 100 anos de história, depoimentos de ex-alunos, organizado por Otávio Rojas Lima e Paulo Flávio Ledur

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR6023: referências Bibliográficas. Rio de Janeiro,1989,18,19 e20 p.

BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacinonal de Educação: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9394/96. Brasilia: Senado Federal, 1996.

Constituição (1988). Constituição Federal da república Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. Ed. São Paulo: Saraiva, 1990.

Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei Federal, Porto Alegre/RS.

BUARQUE, O Mundo para todos.

CHARLOT, Bernard. Da Relação com o Saber: elementos para uma boa teoria. Porto Alegre: Artes Medicas Sul, 2000,.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, Ministério Público, ficha de comunicação do aluno infrequente: FICAI, Um instrumento de inclusão escolar, 1999.

FREIRE, Paulo ; BRANDÃO, Carlos ( Org): O Educador: Vida e Morte. Rio de Janeiro: Graal, 1982

HABERMAS, Jurgen. Teoria de la acion comunicativa. V I e II. Madri: :

MOLL, Jaqueline; ABRAMOWICZ, Anete ( Orgs ), Para além do fracasso escolar. Campinas: Papirus, 1997.

NASCHOLD, Angela Chuvas. Ensino Fundamental e formação de professores: a contradição entre o mundo da vida e o mundo do sistema. Porto Alegre: Caderno de Pesquisa/ Ritter dos Reis, 2000.

Rio Grande do Sul. Secretaria da Educação. Principios e Diretrizes para a educação estadual. Porto Alegre: Corag. 2000.

# BARROS, José D´Assunção. O Projeto de Pesquisa em Historia: Editora Vozes, Petropolis, 2005.

# CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Organizadores. Dominio da História; Campus.

LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL – LDB – Lei nº 394, de 20 de Dezembro de 1996.

PARECER CEED 323/99; Diretrizes Curriculares do Ensino Fundamental e do Ensino Medio para o Sistema Estadual de Ensino.

LDB Nº 9394/96 ; Flexibilidade de Organização do Ensino e ampliação da autonomia com a descentralização de decisões. Art. 26.

Regimento Escolar, Colégio Julio de Castilhos, 2006. Filosofia da Educação; Objetivos do Colégio; Objetivos do Ensino Médio; Organização Curricular; Planos de Estudos; Núcleos de Recursos Didáticos-Pedagógicos; Biblioteca Escolar; Laboratório de Informatica; Oficinas de Artes; Setor de Recursos Audiovisuais; Projeto Politico Pedagógio; Plano Global Participativo; Normas de Convivencias Escolar; Setor de Patrimonio Historico; Gremio Estudantil; Departemento de Tradições Gauchas; Função de Julio de Castilhos; Disposições Gerais.

E. MORRIN. Ciencia com Consciencia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

DA MATTA, Roberto. Uma introdução á Antropologia Social.Rio de Janeiro, 2000, p.128.

CERTEAU, Michel de. A Operação da História. In a Escrita da Historia. Rio de Janeiro: Forense, 1982. P. 31 a 64 e p. 65 – 119.

TODOROV, T, A conquista da América – A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

ECO, Umberto. Como se faz uma Tese. São Paulo: Perspectiva, 1995. P.8.

BRAUDEL, Fernando. Civilização Material, Economia e Capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 1997, 3 vol.

FURET, Francóis. A Oficina da História. Lisboa: Gradiva, 1991, v. I.

FOUCAULT, Michel. Sobre as Maneiras de Escrever a História. In Arqueologia das Ciencias e História dos Sistemas de Pensamento.p.64.

FREIRE, Gilberto. Os escravos nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. São Paulo: Brasiiana, 1988.

6. METODOLOGIA

O projeto estabelece uma pesquisa de natureza tanto quantitativa quanto qualitativa, adotando métodos de procedimentos de caráter

histórico, estatístico e comparativo. Também prevê o emprego da técnica da observação para apoiar o trabalho de campo. Em outra etapa, a pesquisa bibliográfica , para apurar dados históricos. Por fim, fundir os resultados por procedimento descritivo.

Cabe enfatizar, nesta proposta, o papel articulador da tarefa descritiva: A pesquisa descritiva que propõe estabelecer as relações entre as variáveis, isto é, conhecer a realidade através da relação dos diferentes aspectos que caracterizam o seu contexto. Tem como objetivo a descrição das características de determinada população ou fenômeno (ZEN; SANTOS, 2005).

6.1 Revisão de Literatura

Para o levantamento histórico, será empregada a variada literatura disponível sobre a Escola, na forma de artigos acadêmicos, de jornais, revistas, memórias, livros abrangentes e específicos, registros administrativos e normas internas, sites, blogs, registros de exposições, sistematizados inicialmente em fichários.

6.2 Levantamento de Dados em Campo

Para coletar informações, que junto com os registros históricos levantados, serão contrastadas com as hipóteses fundamentadas neste projeto, serão elaborados instrumentos de coleta de dados.

Os questionários divididos por grupos de alunos, professores, etc, serão constituídos por questões fechadas e serão do tipo presencial.

6.3 Sistematização dos Dados Obtidos nas Duas Tarefas

Para tratar os dados quantitativos será montada uma tabela temporal, com as quantizações levantadas.

Para os qualitativos, uma tabela de contrastes entre as variáveis e constantes oriundas das hipóteses.

6.4 Apresentação dos Dados Conclusivos

Montagem de quadro geral com resumo dos resultados da interação entre as principais variáveis, constantes e operadores e com o “desenho” do paradigma apontado pela pesquisa.

Divulgação dos resultados do trabalho de pesquisa.


7. RESULTADOS ESPERADOS

Em primeiro plano, trazer à luz a história do processo de ensino-aprendizagem e dos trabalhos extra-classe, dentro da disciplina de História, nesta instituição de ensino, especialmente no âmbito do departamento de biblioteca.

Fornecer gráfico temporal do grau de aproveitamento dos conteúdos desta disciplina pelos grupos de alunos.

Apresentação estatística do grau de aceitação de ferramentas tecnológicas no processo ensino-aprendizagem e nas atividades extra-classe.

Confirmação de validade e utilidade de um modelo didático-pedagógico, para esta disciplina, baseado em novo paradigma.

8. CRONOGRAMA DO PROJETO

AGO 2010

SET 2010

OUT 2010

NOV 2010

DEZ 2010

JAN 2011

FEV 2011

MAR 2011

ABR 2011

MAI 2011

JUN 2011

JUL 2011

Revisão da

Literatura

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X

X

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X

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F

Fichários

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X

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Elaboração dos questionários

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F

F

Aplicação dos questionários

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F

F

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X

Sistematização das quantizações

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F

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Sistematização dos dados qualitativos

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F

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Montagem quadro histórico

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Gráfico temporal de aproveitamento

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Estatística de aceit. de ferramentas tecnológicas

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X

Confirmação da validade do modelo

F

F

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X

Apresentação dos dados conclusivos

F

F

X

X

Divulgação dos dados

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F

X



9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, Maria Amália de Figueiredo Pereira; ROSA, Maria Virgínia de

Figueiredo Pereira do Couto. Apontamentos de metodologia para a

ciência e técnicas de redação científica. 2 ed. Porto Alegre: Fabris,

2001.

ECO, Umberto Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1996.

LAKATOS, E. M; MARCONI M. de A. Metodologia científica. São Paulo:

Atlas, 1991.

Metodologia do trabalho científico: procedimentos

básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos

científicos. São Paulo: Atlas, 1992.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos,

resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 1997.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 14. ed. São

Paulo: Cortez/ Autores Associados, 1996.