domingo, 3 de janeiro de 2016

Por que a Revolução Brasileira??(/ Ver este texto Caio Prado ) Excelente reflexão 2016!!!

A OBRA: "A REVOLUÇÃO BRASILEIRA"
Caio Prado começa a sua A Revolução Brasileira rediscutindo conceitos e avaliando as dificuldades para se falar do Brasil, de forma adequada, com conceitos produzidos em outro contexto. Tanto os revolucionários do PCB quanto os militares vencedores, por exemplo, falavam de "revolução brasileira". Afinal, o que quer dizer "revolução"? Caio Prado começa discutindo conceitualmente o seu título. "Revolução", ele afirma, não se relaciona diretamente ao caráter violento, insurrecional, da conquista do poder por um grupo social. O significado próprio deste conceito, onde cessa toda ambigüidade, concentra-se na transformação que este movimento realiza depois de conquistado o poder e não na maneira como se dá. A Revolução Francesa foi uma revolução não porque foi violenta. Em seu sentido profundo, "revolução" é um processo social que realiza transformações estruturais em um período histórico curto. É um momento de aceleração histórica e é neste sentido que ele o usará em seu livro.
Os vencedores de 64 realizaram tais "transformações estruturais"? Se as realizaram, fizeram uma revolução. Os "golpistas", e não "revolucionários", para Caio Prado, usaram a palavra "revolução", quando na verdade "reagiam" e a impediam, porque reconheciam a penetração profunda no povo desta idéia. Todavia, visto no conjunto da revolução burguesa brasileira, o Golpe de 64 foi um momento de aceleração desse processo e foi de fato revolucionário. Mas Caio Prado não está interessado neste episódio da revolução burguesa, que ele nem parece identificar como tal, mas na fragilidade da estrutura de poder que se constituiu depois do Golpe. Seu interesse é pela iminente transformação realmente revolucionária que, em 1966, toda a ineficiente retórica da administração pública, a crise econômica e financeira, os desequilíbrios sociais só sabiam revelar. Havia ceticismo quanto às soluções dentro da ordem. Sua "análise profunda", que não se deixa iludir pelas aparências, revela tais possibilidades revolucionárias. As soluções reformistas não bastariam. A consciência revolucionária tinha grande projeção no Brasil dos anos 60.
Que revolução iminente seria esta? Caio Prado continuava ainda a sonhar depois do banho de água fria de 64. A água fria só tornou o sonho menos delirante e o transformou em um "sonho friamente pensado", "criticamente construído", um sonho de olhos abertos! A revolução que se preparava, ele sustenta, não tinha uma natureza socialista ou democrático-burguesa a priori. A natureza da revolução não deve ser pensada doutrinariamente, mas no próprio processo. É preciso reconhecer sua natureza na própria dinâmica dos fatos. O que interessa é o que se passa e não o que é. A Revolução Brasileira iminente não pode ser definida a priori, antes de acontecer, por um conceito pré-estabelecido, mas pela análise e interpretação da conjuntura econômico-social-política concreta e real. É claro, no marxismo, a direção do capitalismo é para o socialismo. Mas esta previsão não tem data, ritmo e programa determinados. Ela não deve interferir na análise e solução de fatos concretos. O projeto socialista não pode ser sectário. É antimarxista ver o socialismo sempre imanente e iminente em todas as ocorrências da luta social. O sectarismo socialista leva ao isolamento e perde-se aliados importantes na produção da mudança brasileira. Aquela pretensão não exclui a luta por objetivos não imediata e diretamente socialistas. Por exemplo: qualquer greve tem uma significação própria e em si. Ao mesmo tempo revela a luta de classes e é um evento particular. O sectarismo impede a aliança com grupos não socialistas, mas que convergem com eles em objetivos mais limitados. Os marxistas conseqüentes querem obter resultados na ação conjuntural. A dialética é um método de "interpretação das ações reais" e não dogma que enquadre revoluções históricas em esquemas abstratos pré-estabelecidos. O que interessa na ação revolucionária não é o que se proclama e projeta, mas o sentido dialético da ação, a sua capacidade de abrir o futuro.
A teoria d'A Revolução Brasileira, portanto, não poderia ser produzida especulativamente. A teoria revolucionária correta deveria tomar como modelo o caso de Cuba. A revolução cubana começou como uma luta contra uma ditadura concreta. Atingido este objetivo, ela evoluiu para uma revolução agrária e anti-imperialista. Contudo, especulativos, abstratos, "apriorísticos", sem a consideração adequada dos fatos, os projetos revolucionários no Brasil apoiaram governos demagógicos e incompetentes, levando os reacionários mais duros ao poder. Não faziam avançar a revolução - levavam o Brasil ao desastre. A análise equivocada levou a uma estratégia de intervenção equivocada. O que havia era uma ação revolucionária de cúpula, que agitava slogans ineficazes. A insuficiência teórica levou as esquerdas a fazerem alianças espúrias. Bastou uma passeata militar para impedir a sua revolução agrária, antifeudal e anti-imperialista. As razões deste insucesso: a teoria d'A Revolução Brasileiraera abstrata, constituída por conceitos exteriores à realidade brasileira, esquemática, etapista, indo às avessas dos conceitos aos fatos, quando se deveria ir dos fatos aos conceitos. A análise de Caio Prado da teoria revolucionária que predominou entre as esquerdas lideradas pelo PCB, nos anos 1922/1964, a cada página fica mais áspera e hostil.
"O marxismo brasileiro era stalinista", desespera-se. Os fatos eram vistos não como são, mas como "deveriam ser", à luz do que se passou em outros lugares e dos clássicos mal interpretados. A teoria dita revolucionária produzia esquemas imaginários, pretendendo interpretar e explicar a nossa realidade. Está longe do marxismo impor à humanidade etapas de evolução necessárias. Os erros estratégicos cometidos pelos revolucionários brasileiros foram de duas ordens: 1º - erraram "teoricamente", leram mal os clássicos marxistas, compreenderam erradamente a dialética materialista e seguiram cegamente as teses soviéticas sobre o mundo inteiro sem distinguir as diversas situações particulares; 2º - erraram "historicamente", analisaram mal o Brasil, interpretaram erroneamente o seu passado, compreenderam equivocadamente as classes e as lutas de classes no passado brasileiro, o modo de produção do Brasil colonial. Em sua análise da história brasileira, quiseram ajustar a realidade brasileira aos textos clássicos e a outros contextos. Usaram conceitos para os quais é difícil encontrar correspondente real: "latifúndio, restos feudais, camponeses ricos, médios e pobres, burguesia nacional (...)" O modelo era o feudalismo europeu. Portanto, mal equipados teórica e historicamente, não puderam acertar na ação revolucionária. Será preciso rediscutir a teoria e rever a história do Brasil e então propor novas formas de intervenção na realidade brasileira. Nesta obra, ele pretenderá produzir esta rediscussão da teoria e da análise histórica do Brasil e fará, então, as suas propostas de intervenção revolucionária.
Para ele, os teóricos d'A Revolução Brasileira são "aprioristas" e dogmáticos - ele o afirma centenas de vezes. Em sua miopia teórica viram o Brasil ainda dominado pelo feudalismo. Eles teriam encontrado algumas relações de produção semelhantes às feudais e consideraram esses raros traços feudais encontrados como dominantes. A teoria marxista foi formulada no Brasil nos anos 20. O Brasil foi incluído entre os países coloniais, semicoloniais e dependentes, países submetidos política e economicamente ao imperialismo. Não sendo ainda capitalistas, estariam em transição do feudalismo ao capitalismo. A etapa revolucionária seria a da revolução democrático-burguesa, cujo modelo era a Rússia czarista. A revolução democrático-burguesa seria "agrária", contra o latifúndio feudal, e anti-imperialista. Entretanto, contesta Caio Prado, o Brasil não possui restos feudais, pois não houve jamais um sistema feudal aqui. Isto nos leva a um passado longínquo, cuja discussão nem por isso pode ser dispensada.
Continuar leitura:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01881999000100012&script=sci_arttext

sexta-feira, 30 de outubro de 2015


 Nestes momentos fico muito feliz e emocionada pelo sonho e persistência de luta por transformações sociais.
Querer mudar, querer ver a dignidade e o trabalho sendo gerado na vida das pessoas através das atividades coletivas, são fundamentais para a inclusão dos sujeitos e a construção de suas histórias. 
Assim foi  com este   objetivo de fazer uma grande ocupação, o principal alvo foi a
Fazenda Annoni, que já deveria ter sido desapropriada, mas o processo judicial da
desapropriação estava em andamento há 13 anos. Então, na madrugada do dia 29 de
outubro de 1985, a Fazenda Annoni é ocupada por cerca de 7.000 pessoas (1.500
famílias, aproximadamente), estas vindas de vários municípios da região do Alto
Uruguai. Tornando-se uma das primeiras grandes demonstrações de força do MST na
luta pela terra, consolidando o movimento em todo o Brasil. 

http://brasildefato.com.br/node/33298

https://www.youtube.com/watch?v=FUz0a2cl_RM

sábado, 27 de junho de 2015

É o capital especulativo, imbecis

É o capital especulativo, imbecis!

Quem se deixa levar pela polarização entre uma suposta nova política e a velha política, deixa escapar o essencial dos dilemas da eleição presidencial de 2014.

por Emir Sader em 07/09/2014 às 10:27




Emir Sader

- Lula ou Neca Setubal -

Quem se deixa levar pela polarização entre uma suposta “nova política” e a velha política, deixa escapar o essencial dos dilemas da eleição presidencial deste ano.

O neoberalismo promoveu o capital financeiro, sob sua forma especulativa – isto é, não a que financia a produção, o consumo, a pesquisa, mas a predatória, que vive da compra e venda de papeis, nao produz nem bens, nem empregos – como setor hegemônico da economia, em escala mundial e em cada pais. Ao promover a desregulamentação, ao invés de se dar uma retomada da expansão econômica, houve uma gigantesca transferência de capitais da esfera produtiva da especulativa. Porque, como dizia Marx, o capital não está feito para produzir, mas para acumular. Se ele encontra melhores condições – maior retorno, menos tributação, liquidez total -, ele se concentra na esfera financeira.

No Brasil isso ocorreu no governo FHC, em que o sistema bancário sucedeu a indústria automobilística, como setor hegemônico da economia. Hoje o Brasil tem sua economia travada pela ação predatória e anti-social do sistema financeiro, que prefere colocar seus capitais na Bolsa de Valores e nos paraísos fiscais, ao invés dos investimentos produtivos que o pais necessita.

O grande capital se nega a acompanhar o imenso processo de democratização econômica e social promovido pelos governos Lula e Dilma. Prefere seguir produzindo para o consumo de luxo da alta esfera do mercado ao invés de reciclar seus investimentos para atender as demandas das camadas emergentes da população, que constituem um novo mercado de consumo popular em enorme expansão.

Essa é a contradição fundamental que o Brasil vive hoje. Os capitais não se dirigem para onde o projeto de democratização social, de combate à desigualdade, à miséria e à pobreza, requer, preferindo sabotar esse projeto e permanecer na esfera especulativa.

O programa da Marina não poderia ser mais explícito em consolidar essa opção, ao propor a independência do Banco Central e ao ter no seu comando político e economistas vinculados às teses neoliberais do livre comercio e à própria herdeira de um dos maiores bancos brasileiros. Sua eventual vitória significaria o fortalecimento da hegemonia do capital financeiro sobre a economia, atentando fortemente contra o processo de distribuição de renda do governo atual.

Esse o dilema que se coloca na campanha atual: a favor do capital especulativo – com aumento da taxa de juros e consolidação das suas posições - ou a favor da sua forte tributação e da baixa significativa da taxa de juros. O que está em jogo é o projeto de inclusão social e de democratização do país, a resolução a favor desse projeto, com a reciclagem dos grandes investimentos para a esfera produtiva ou dominação consolidada do capital especulativo sobre o pais. De forma direta: se por trás da próxima presidente estará o Lula ou a Neca Setubal.

Educadores e Educadoras com FÉ e unidos pela DEMOCRACIA!

https://youtu.be/RTGX28gMKnU

A educação no Rio Grande do Sul

http://radioprogresso.com.br/

Cpers decreta estado de greve e professores poderão parar em agosto

Helenir Aguiar (esquerda) presidente do Cpers esteve nesta semana em Ijuí para mobilizar a categoria

Professores estaduais do Rio Grande do Sul vão permanecer em estado de greve até o mês de agosto, caso não houver alguma reviravolta até lá. A decisão foi tomada hoje à tarde, 26, durante assembléia geral do Cpers, em Porto Alegre.

A diretora do 31º Núcleo Regional do Cpers, com sede em Ijuí, Terezinha Melo, disse que a entidade também vai aumentar a mobilização na Assembléia Legislativa para que os deputados não aprovem projetos do governo Sartori que alteram legislação dos professores e funcionários de escolas.

O Cpers entende que matérias já anunciadas pelo governo estadual vão causar perdas de direitos, por exemplo, no plano de carreira e triênio. Além disso, o Centro dos Professores do Estado quer que o Executivo gaúcho não leve adiante anteprojeto que prevê aumento de alíquotas e demais acréscimos no plano IPE Saúde. Se a situação não avançar em benefício do Cpers, a entidade deve decretar greve na próxima assembléia marcada para agosto, ou até antes se os projetos tiverem andamento.